"Assim como o amor e a música, o xadrez tem o poder de tornar os homens felizes." (Tarrash)

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

O número um.


No final das contas, eles continuaram a jogar. Deram o show, causaram polêmica, entraram para a história e agora estão disputando o tie-break. Vi algumas partidas, e por mais que não seja uma jogadora da "elite", pude perceber que no geral foram mornas. O melhor comentário técnico sobre o match está na página do GM Giovanni Vescovi (http://www.gvescovi.com.br/).
Por mais que este seja um duelo aguardado por muitos, não vejo grandes emoções nesse confronto. Vejo sim jogadores interessados em assumir um posto deixado apenas formalmente por Kasparov. Este sim soube ser o número um do mundo. Saberá Topalov ou Kramnik ser? A resposta está no ar, e quase ninguém opina.
Na verdade estamos vivendo um momento de transição do xadrez mundial, e por enquanto não temos convicção a respeito do novo líder do ranking. Kasparov ganhava, perdia pouco, gostava da publicidade e assumiu o posto de melhor do mundo inteiramente. No texto mais recente de Ivan Carlos Regina no site Clube de Xadrez há um a frase célebre de Garry que endossa o que digo: "No xadrez minha palavra é próxima a de Deus. " E é mesmo, pelo menos enquanto ninguém assume de verdade o vácuo que se instaurou no xadrez.
É difícil acreditar que outros Kasparovs e Fischers aparecerão, cada campeão tem seu estilo e sua personalidade únicas. Esperamos sim que aqueles que virão assumam com firmeza e dedicação. Kasparov é um bom exemplo. Encerrou sua carreira não só no auge, mas com uma verdadeira obra de xadrez, entitulada sabiamente de "Meus Grandes Predecessores". Nada mais definitivo para se consagrar na história do xadrez mundial.
A história do xadrez é, desde o século XVII aproximadamente, contado a partir de um ponto de vista personalista. São homens construindo a história, e particularmente gosto dessa perspectiva. Mas será possível manter essa tradição após Kasparov? Eu tenho minhas dúvidas.
Aguardemos ansiosos a definição desse jogo, que desta vez pode ser considerado predominantemente lúdico.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Discussões filosóficas!


Já disse mas se for preciso repito: eu estudo Relações Internacionais, não Jornalismo! Confesso que já pensei no assunto, mas cada vez que assisto TV ou leio jornal dou graças aos deuses por não ter passado naquela prova do vestibular... Mas desilusões a parte, queria contar a vocês um problema que tenho passado. Isso mesmo, um problema ao mesmo tempo engraçado e complicado de ser solucionado.
O xadrez, ao longo de sua história, tem sido comparado - talvez não seja essa a melhor palavra, mas é essa a idéia - a várias coisas, das mais diversas possíveis. Guerra, poder, negócios, música, matemática, só para citar alguns que me veio agora na cabeça. Mas ultimamente em minhas aulas ouço professores abusando - literalmente - do xadrez. É cada apropriação... Já ouvi cada absurdo que tenho vergonha de dizer aqui. Só para exemplificar um: usando aquele clichê de comparar estratégias de guerra com o xadrez, o professor brilhantemente concluiu que quem joga xadrez é gênio! Isso mesmo. Como ele o fez?! Até agora não entendi.
O pior de tudo é que aquele pessoal mais próximo que sabe que jogo - ainda bem que não sabem que só bato peças! - vêm me perguntar se o que ele disse faz sentido. O que eu falo?! Muitas coisas, depende bastante do meu humor. Em relação a esse caso específico, respondi com a pergunta: "Você me acha um gênio?".
Não pretendo ser indelicada com meus queridos professores doutores e pós-doutores, que sabem de muita coisa menos de xadrez. Fico feliz em ver que ainda resta o famigerado senso comum na honrosa comunidade científica e intelectual brasileira, afinal de contas, eles são humanos. Que alívio egoísta! Viva o achismo!
Eu também acho muitas coisas, principalmente sobre xadrez. Tenho pensando se joga-lo me confere alguma credibilidade para dizer o que digo. Não sei, ainda estou pensando, mas confesso que gosto de escutar o que cada um tem para dizer sobre o jogo, o significado que cada um de nós dá, ainda que influenciado pela cultura (ou sociedade, para quem preferir) que está emerso. Principalmente as crianças! Fico surpreendida com algumas respostas que recebo e estórias que me contam. Porque é assim mesmo, tem criança e tem adulto jogando xadrez. E todos tem uma opinião para dar, um achismo para achar.
Meu problema? Bom, é o seguinte: o que digo ao meu professor que comparou o xadrez de Napoleão Bonaparte e Otto von Bismarck no contexto da guerra Franco-Prussiana???
(Para falar a verdade, meu problema é em relação à guerra, e não ao xadrez.).