"Assim como o amor e a música, o xadrez tem o poder de tornar os homens felizes." (Tarrash)

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Discussões filosóficas!


Já disse mas se for preciso repito: eu estudo Relações Internacionais, não Jornalismo! Confesso que já pensei no assunto, mas cada vez que assisto TV ou leio jornal dou graças aos deuses por não ter passado naquela prova do vestibular... Mas desilusões a parte, queria contar a vocês um problema que tenho passado. Isso mesmo, um problema ao mesmo tempo engraçado e complicado de ser solucionado.
O xadrez, ao longo de sua história, tem sido comparado - talvez não seja essa a melhor palavra, mas é essa a idéia - a várias coisas, das mais diversas possíveis. Guerra, poder, negócios, música, matemática, só para citar alguns que me veio agora na cabeça. Mas ultimamente em minhas aulas ouço professores abusando - literalmente - do xadrez. É cada apropriação... Já ouvi cada absurdo que tenho vergonha de dizer aqui. Só para exemplificar um: usando aquele clichê de comparar estratégias de guerra com o xadrez, o professor brilhantemente concluiu que quem joga xadrez é gênio! Isso mesmo. Como ele o fez?! Até agora não entendi.
O pior de tudo é que aquele pessoal mais próximo que sabe que jogo - ainda bem que não sabem que só bato peças! - vêm me perguntar se o que ele disse faz sentido. O que eu falo?! Muitas coisas, depende bastante do meu humor. Em relação a esse caso específico, respondi com a pergunta: "Você me acha um gênio?".
Não pretendo ser indelicada com meus queridos professores doutores e pós-doutores, que sabem de muita coisa menos de xadrez. Fico feliz em ver que ainda resta o famigerado senso comum na honrosa comunidade científica e intelectual brasileira, afinal de contas, eles são humanos. Que alívio egoísta! Viva o achismo!
Eu também acho muitas coisas, principalmente sobre xadrez. Tenho pensando se joga-lo me confere alguma credibilidade para dizer o que digo. Não sei, ainda estou pensando, mas confesso que gosto de escutar o que cada um tem para dizer sobre o jogo, o significado que cada um de nós dá, ainda que influenciado pela cultura (ou sociedade, para quem preferir) que está emerso. Principalmente as crianças! Fico surpreendida com algumas respostas que recebo e estórias que me contam. Porque é assim mesmo, tem criança e tem adulto jogando xadrez. E todos tem uma opinião para dar, um achismo para achar.
Meu problema? Bom, é o seguinte: o que digo ao meu professor que comparou o xadrez de Napoleão Bonaparte e Otto von Bismarck no contexto da guerra Franco-Prussiana???
(Para falar a verdade, meu problema é em relação à guerra, e não ao xadrez.).

5 comentários:

taís_julião disse...

Para xbad: Olá, como vai? Pois é, perdemos o contato. Agora já sabe onde me achar. Um grande abraço.

taís_julião disse...

para flavio: acho complicado discutirmos o que é um gênio, o que penso é que definitivamente este não é um pré-requisito nem algo adquirido com o xadrez. O que me interessa mesmo é saber o que o "senso comum" do xadrez, ou seja, aqueles que não conhecem o jogo ou conhece pouco pensam sobre ele, porque daí conseguimos compreender o significado do xadrez de forma ampla, o que ele representa por si só e não o que adquire de acordo com o conhecimento que se tem dele. Acho que essa discussão pode ir longe, quem sabe um próximo texto aprofunde mais? Abraços, obrigada pelo comentário.

taís_julião disse...

Para nn:
Gosto não se discute.

Sandra Cavalcanti disse...

Tais colega, será que vc pode m ajudar?? sou professra e gostaria de adequir livros ou video sobre xadrez na escola é muito dificil,me oriente se puder.. bjus Sandra

PC disse...

Olá Taís,

Um dia desses ficou gravado na minha memória uma conversa entre dois senhores de idade, que falavam sobre inteligência e sabedoria. Um deles confessou para o amigo que se fosse uma pessoa mais inteligente teria tido uma vida melhor. Então o outro não concordou inteiramente com a afirmação do companheiro e lhe disse que a inteligência não era garantia de sucesso e felicidade, mas que a sabedoria poderia lhe proporcionar com mais probabilidade pelo menos uma dessas condições.

O homem que ouvia ficou pensativo, mas continuou ouvindo o amigo, que continuou a falar, dizendo que a inteligência era qualidade inata, dádiva da natureza, porém, a sabedoria era adquirida durante as experiências da vida e a mestria vinha da própria forma de compreender o âmago das coisas, onde estavam todos os elementos indispensáveis para se tomar as decisões acertadas.

O senhor que falava continuou a explicar que o sucesso só era alcançado quando as coisas a serem almejadas significassem o essencial para ser feliz e nada mais. Porém, para alcançar a felicidade seria necessário saber optar pelas natureza das coisas, seja ela material ou imaterial, corporal ou espiritual, simples ou complexa, trivial ou sofisticada, mas o que importa realmente é descobrir a fonte do sucesso em alguma dessas naturezas, e que realmente valesse a pena a dedicação da vida.

Então o senhor que ouvia fez um gesto e disse:

- Agora entendo o ditado popular que alguns andam dizendo: "Inteligência todos têm, sabedoria quase ninguém!"

Abração,

PC